Portais, previsões e arquipélagos

A exposição da 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre aborda a arte como portais para outros mundos – imaginações, explorações e manifestações do que está abaixo e acima do plano social. Funciona como uma plataforma de lançamento para viagens às profundezas ainda inabitadas do mar, da terra e do espaço sideral, no tempo e no pensamento. Inclui trabalhos que são explorações estéticas em diálogo com a biologia marinha; estudos do inconsciente; caças ao tesouro; desastres naturais, movimentos tectônicos e atividades de mineração que provocam a mobilidade social e migrações biopolíticas; explorações aéreas relacionadas à tecnologia espacial, a partir de satélites, ficção científica e de estudos de nuvens e barreiras de som.

Além disso, a exposição apresenta projetos artísticos criados por colaborações entre artistas e empresas ou centros de pesquisa que trabalham com recursos naturais e/ou tecnologia avançada. Alguns projetos foram especialmente comissionados para a 9ª Bienal e criados no Brasil; outros foram originados em programas de comissionamento de obras de arte dos anos 1960 até o presente, envolvendo colaborações em todo o mundo. Esses projetos são Máquinas da Imaginação – inspiram e mobilizam, sendo formalmente estranhos e materialmente improváveis se não fosse a colaboração. Parte deles são apresentados em uma série de palestras, recitais e performances denominada Ekphrasis: são projetos baseados no tempo ou no processo, efêmeros ou destrutíveis, de natureza praticamente invisível, ou simplesmente delicados ou monumentais demais para serem transportados.

A exposição também inclui obras de arte, performances e outros eventos que estão no espaço intermediário ou mesmo fora das ideias descritas anteriormente, mas que, no entanto, tornaram possível muito do que nós experimentamos e produzimos hoje. Alguns dos seus autores são considerados forças gravitacionais na hipótese curatorial, e algumas das obras são arquipélagos, ilhas conceituais ou dólmens dentro da exposição.

Em consonância com os esforços da curadoria e os projetos artísticos, a estratégia de comunicação da 9ª Bienal reflete sobre as mudanças históricas na tecnologia de comunicação ao longo dos séculos. Informações são transmitidas e experimentadas em diversos canais de mídia para compartilhar notícias sobre a Bienal e servir como ferramentas criativas de mediação entre seu conteúdo e sua forma, a instituição e seu público. Entre os canais de mídia e estratégias utilizados estão sinais de fumaça, telegramas, pombos correios, mensagens na garrafa, transmissão de rádio, entre outros.

A 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre não tem logomarca específica; em vez disso, o estúdio de design Project Projects criou um sistema tipográfico especialmente para a edição, denominado Porto Alegre. O conjunto de símbolos adapta pictogramas retirados de diferentes contextos científicos – desde cartas meteorológicas e mapas de condições climáticas até versões prototípicas da tabela periódica. Ao referenciar um amplo espectro de significados, cada letra atua como um microcosmo de tradução e comunicação codificada.

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